Ser Formador em Tempos de Pandemia
Vivemos tempos controversos, de incerteza, medo, sem saber o que vai acontecer. Ainda assim, acredito que a esperança de dias melhores superará os receios e as angústias.
As adversidades originadas pela pandemia perturbaram o funcionamento das mais diversas áreas de atuação e serviços.
A Resiliência foi colocada à prova e aqueles que agiram, ainda que sem saber em que sentido, adaptaram-se, criaram soluções e fizeram a diferença.
A Comunilog é exemplo da irreverência e resiliência.
Tal como em várias áreas profissionais, a formação encontra-se em mudança de paradigma, um adaptar à nova realidade que tem resultado no aumento de qualificações de muitas e muitas pessoas que investem na sua formação por terem a possibilidade de ser em regime e-learning.
A modalidade e-learning teve um enorme boom. Os cursos que considerávamos não possíveis à distância foram adaptados, transformados à nova realidade e muito se tem (re)criado.
É bom?
É mau?
Como em tudo, tem vantagens e desvantagens e acredito que os aspetos positivos sejam em maior número que os negativos.
O e-learning permite-nos chegar a mais pessoas, a pessoas a quem o presencial não alcançaria, por motivos geográficos, laborais, financeiros…
O e-learning é acessível, os grupos são mais heterogéneos, criamos uma enorme riqueza geográfica e experiencial, permite-nos criar grupos com pessoas das diferentes regiões do país, continental e ilhas e até além-fronteiras. Num dos últimos grupos com quem trabalhei, tive o enorme privilégio de ter uma formanda, Motorista de pesados internacional, que no decorrer da formação “nos levou” a Espanha, França, Bélgica. Esta formanda foi a prova vida que com sacrifício e querer conseguimos tudo aquilo a que nos propomos. A formanda não dispunha de computador e isso não a impossibilitou de nada, com recurso ao telemóvel participou em todas as sessões e realizou todas as tarefas solicitadas.
Esta formanda é uma das pessoas que se a formação não decorresse na modalidade e-learning, não poderia participar.
Há também quem diga que a modalidade e-learning não permite criar rapport e que as relações são frágeis, contudo a minha experiência tem sido muito intensa, muito positiva e tem permitido construir relações fantásticas que vão para além do final da formação. As redes sociais permitem-nos manter/aprofundar os relacionamentos, acompanhar os primeiros passos enquanto formadores, os receios, as dificuldades, as experiências. As partilhas são imensas, as aprendizagens riquíssimas e todos ganhamos com as experiências uns dos outros.
Ser formadora em tempo de pandemia, ou noutra altura, é ser construtor, transformador de pessoas, é contribuir para que os formandos se descubram, conheçam as suas potencialidades, se vejam, se sintam… É interligar as ferramentas com o eu/com o nós/com o que fazemos o dia -a- dia….É tomar consciência dos nossos comportamentos e contribuir para que nos tornemos pessoas melhores, conhecedores, capazes de recriar, de fazer acontecer e “espalhar magia” para um mundo “mais vivo”.
Ser formador nos dias de hoje é abrir novas” janelas” para o mundo.
Vivemos numa sociedade condicionada, fechada, sem espaço para a liberdade de pensamento, sem tempo para pensar, opinar, criar…vivemos condicionados ao que nos é apresentado e tenho sentido que a formação é também para desconstruir esses preconceitos, para consciencializar que cada um de nós deve ousar, deve sonhar, deve romper os limites, deve “partir a caixa” e ser livre, criativo, ser criança, no sentido da liberdade de pensar sem limites incutidos. Esta deve ser uma das partes que todos devemos recuperar e preservar.
Ser formador é deixar fluir a essência de cada um.
Ser formador é espalhar magia.
Ser formador é criar.
Ser formador é transformar.
Ser formador é abrir novos olhares.