A resposta à pergunta: será isso utópico?
Desde 1998 que me encontro a crescer e a trabalhar como formadora na área comportamental e na Formação Pedagógica Inicial de Formadores. Em 2012 elaborei a minha dissertação de mestrado com o tema “Diminuição do Isolamento Pedagógico do Formador” (http://hdl.handle.net/10437/3279). Depois da defesa e da classificação ser atribuída, foi-me colocada a questão se eu considerava a possibilidade das minhas propostas (de trabalho colaborativo entre formadores) serem viáveis na prática, pois consideraram-nas um pouco utópicas. Na altura respondi, de uma forma resumida, que seria um desafio e que acreditava que seria possível trabalhando na formação de base de cada formador e com as entidades formadoras…. A Comunilog hoje é exemplo de concretização da resposta que então dei!
De todas as vezes que trabalho com futuros formadores de excelência, relembro-lhes a importância da partilha, da procuro da opinião do outro, da humildade, da valorização do outro e da importância do desenvolvimento pessoal e profissional constantes. Procuro estimular e valorizar este apoio que vai surgindo entre formandos. É de uma beleza incalculável observar estes movimentos de apoio genuíno durante as sessões, fora delas e depois.
Fundamentando…
No percurso profissional como formador deparamo-nos com frequência com o constante desafio de criar ações de formação para as quais apenas são dados os temas principais e por vezes mesmo nem esta estrutura é fornecida. Cabe-nos elaborar todos os conteúdos, todos os materiais e todas a dinâmicas a utilizar nas sessões de formação. Por vezes torna-se um percurso algo solitário de pesquisa e elaboração.
Somos desafiados a uma evolução constante, a uma busca constante de novas metodologias, novos conteúdos, novas dinâmicas. A evolução é estimulante, desafiante e pode ser potenciada pela partilha e pela avaliação informal de um colega em sala. Deste modo cada sessão de formação torna-se cada vez mais eficaz, memorável e com conteúdos cada vez mais aplicáveis / aplicados no dia-a-dia profissional, pessoal e social dos formandos. Assim, os formadores podem evoluir muito mais num ambiente colaborativo, que desperte o melhor de cada um, levando à excelência.
O desenvolvimento ocorre na interação que o formador estabelece com os participantes, com colegas, com diversas fontes de informação sociais, cientificas, políticas, culturais, etc.. Dada a importância vital que o desenvolvimento e a auto-atualização têm, será perigoso e até negligente considerar que todos os formadores farão este caminho sozinhos e espontaneamente. Sendo assim, é importante despertar consciências junto das entidades formadoras e dos formadores de modo a tornar as oportunidades de atualização mais disponíveis, estruturadas e cada vez mais naturais e rotineiras – a formalidade inicial idealmente transformar-se-á numa troca informal de experiências, oportunidades e conhecimentos. Deste modo a formação será seguramente cada vez mais eficaz e adaptada às necessidades dos participantes, do mundo empresarial e das exigências pessoais, sociais, económicas e políticas. Cada vez mais faz sentido a formação ser especificamente direccionada para as necessidades e circunstâncias reais, correndo o risco de deixar de ser solicitada se assim não o fizer. Esta adaptação refere-se a conteúdos e metodologias pedagógicas visando uma eficácia e um ROI (retorno do investimento) cada vez maiores.
O trabalho colaborativo pode surgir de forma espontânea e natural, no entanto muitas vezes isso não acontece por diversos motivos: o isolamento geográfico, a prestação de serviços para diversas entidades e em meio empresarial (entidade solicitadora da formação), receios de crítica não construtiva e de competição, sentimento de ameaça ao seu autoconceito e à sua autoestima, receio de mudança, etc. Algumas medidas que podem ser tomadas podem ser por exemplo o estímulo pela entidade promotora da formação de oportunidades de os formadores assistirem às sessões de colegas, bem como a dinamização de encontros regulares de trabalho e encontros sociais de modo a poder acontecer o estreitamento de laços sociais e profissionais. Estes encontros devem ter objetivos claros e apresentarem alguma estrutura. Neste sentido também é muito importante que a entidade promova um ambiente de tranquilidade, de partilha de ideias e abertura a novas ideias, fomentando a mudança e melhoria contínua, favorecendo um ambiente de cooperação e trabalho colaborativo.
Felicito a Comunilog pela promoção deste ambiente e trabalho colaborativo! É muito bom poder colaborar deste modo para a excelência da formação e na formação de futuros formadores!