"A Rádio é a companhia de uma geração envelhecida e solitária no interior mais profundo" | Por Carina Fernandes
A rádio é instantânea… A rádio é entretenimento e informação no seu estado mais puro. Não dá para ouvir mais tarde como o jornal impresso, nem para puxar atrás na box como acontece na televisão. A rádio é no momento e isso é o que de mais mágico tem.
Apesar de achar que a audiência se tem perdido ao longo dos tempos e, atualmente, a maioria só ouvir rádio nas viagens de carro, ou seja,são raras as pessoas que procuram a rádio para ouvir, quero acreditar que a Rádio é a única companhia de muita gente. Digo isto, porque antes de ser jornalista na Rádio Altitude fiz um programa de discos pedidos, o “Linha da Amizade” na Rádio Elmo (Pinhel), e o feedback que sempre tive é que a nossa voz era a única que ouviam durante dias. A Rádio é a companhia de uma geração envelhecida e solitária no interior mais profundo. Especialmente as rádios regionais que têm uma maior proximidade da realidade que ali se vive. Enquanto jornalista da Rádio Altitude, que comemora este ano 75 anos, tento todos os dias fazer um jornalismo de proximidade, porque sinto que é isso que leva alguém a ouvir uma rádio regional. Mas nem sempre é fácil. O mundo da comunicação social, em geral, não é facilitado. Existe falta de meios e de recursos. Marcelo Rebelo de Sousa disse na sexta-feira que só com uma "comunicação social forte" se pode garantir uma "democracia forte", mas por vezes sentimo-nos esquecidos e a Rádio não foge a isso.
Para se fazer Rádio é preciso uma paixão enorme por aquilo que se faz e eu tenho o “bichinho da rádio” que cresce todos os dias. E se souber que a minha voz e a dos meus colegas consegue chegar a pelo menos uma pessoa que precisa desta companhia, o nosso trabalho enquanto trabalhadores de Rádio está feito, e bem feito.