O Dia Internacional da Língua Materna
Uma língua é muito mais do que uma forma de comunicarmos. Particularmente a Língua Materna é uma parte importante da nossa cultura, do nosso ser. É a nossa identidade. É por meio dela que nos expressamos, pensamos, sentimos, criamos e vivemos. Há até quem diga que a nossa língua materna pode mudar a forma como vemos o mundo.
No mundo existem mais de 7 000 mil línguas, no entanto é de preocupar que, esse número diminua todos os meses. Dessas mesmas línguas, 90% é falada por menos de 100,000 pessoas, num planeta com 7,753 bilhões de pessoas.
O nosso Português, língua materna de aproximadamente 280 milhões de pessoas, é 5ª língua mais falada em todo o mundo e felizmente não faz parte das várias línguas em perigo de extinção.
É normal pensarmos que a língua materna é como andar de bicicleta, nunca se esquece, no entanto, estamos bem enganados. A linguagem é algo flexível e pode alterar de acordo com o ambiente da pessoa. Ao emigrar, uma pessoa está muito mais vulnerável a perder a capacidade de formar frases completas e esquecer expressões, pois a sua língua materna é posta de lado.
Hoje, dia 21 de fevereiro comemora-se o dia Internacional da Língua Materna que tem como objetivo promover a proteção e preservação de todas as línguas do mundo e tal como muitas outras datas significativas, o 21 de fevereiro não foi nominado como Dia Internacional da Língua Materna ao acaso. Se calhar poucos o sabem, no entanto, este dia é mais uma homenagem do que uma celebração. Homenagem ao Movimento da Língua feito pelos bangladeshianos.
Em 1948, o governo do Paquistão, que na altura se dividia pelo Paquistão Oriental (atualmente conhecido como Bangladesh) e Paquistão Ocidental (atualmente conhecido como Paquistão), declarou o Urdu como a única língua nacional do Paquistão, embora o Bengalês fosse falado pela maioria das pessoas.
Revoltados, o povo protestou e para demolir o protesto, o governo do Paquistão proibiu reuniões públicas e comícios. No entanto isso não parou os estudantes da Universidade de Dhaka que, com o apoio do público em geral, organizaram grandes comícios e reuniões. Mas no dia 21 de fevereiro de 1952, a polícia abriu fogo contra esses mesmos comícios. Salam, Barkat, Rafiq, Jabbar e Shafiur morreram, com centenas de outros feridos. Este é um Incidente raro na história, onde as pessoas sacrificaram as suas vidas pela sua língua materna.
A língua é um direito fundamental, um pilar da cultural e da identidade da humanidade. Quando uma língua morre, as gerações futuras perdem uma parte vital da cultura que é necessária para entendê-la completamente e preservá-la torna-se especialmente importante.
Falar a nossa língua materna é um direito humano. Seja ela no nosso país ou em outro lado qualquer.
Hoje é importante que saibamos dar valor à língua com que nos comunicamos diariamente, a língua com que nos expressamos e escrevemos, a língua que muita gente utiliza como forma de carreira, a língua que faz parte de um povo e de um país.
Pare por um minuto, e oiça as pessoas à sua volta. Podem ser familiares, amigos ou estranhos, mas uma coisa em comum têm de certeza: o poder da língua Portuguesa.
Citando Nelson Mandela:
"Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe diretamente no coração".