Este é o início de uma “nova” (des)globalização! - Por #Sílvia Massano
Este é o início de uma “nova” (des)globalização!
É sabido que o coronavírus obrigou a um confinamento de biliões de pessoas por todo o mundo e isso trouxe e irá ainda trazer consequências, cujo alcance ainda não se consegue quantificar.
A lógica industrial e global a que estávamos habituados foi subitamente silenciada por um “inimigo invisível”! Obrigaram-nos a permanecer em casa! Estávamos assustados (ainda estamos naturalmente receosos, é certo!) e o processo de desconfinamento não foi, nem está a ser conduzido da forma desejada, nem está a mostrar sinais de que podemos “abrandar” o estado de alerta individual, com que fomos subitamente assaltados.
Os governos encerraram fronteiras e impuseram estados de emergência e de calamidade com o único propósito de interromper uma cadeia de propagação, difícil de monitorizar.
Neste particular gostaria de referir que há por aí quem incite o pânico! E porquê? De uma forma fria e quase cruel, sabemos que o fazem por motivos meramente económicos! A economia está e sempre esteve na base de tudo o que se faça! E esta pandemia não é exceção!
Há hoje uma teoria de que tal como aconteceu com o vírus da pneumonia SARS em 2002, também com o COVID-19, muitos se aproveitarão da situação, como uma bênção dos céus!
Há muito dinheiro envolvido nesta crise: vejam-se as verbas astronómicas que os organismos internacionais destinaram a esta crise, para rapidamente se perceber como alguns agentes económicos já se estão a posicionar para reclamarem para si verbas em prol de estudos (de várias ordens), ou de medicamentos, cuja eficácia ainda se está a estudar.
A situação resultante do coronavírus e como consequência o pânico criado, afetou de uma forma direta todos os negócios privados. Na primeira linha das perdas tivemos as companhias aéreas. E isto teve um efeito dominó nos restantes setores da economia. A mobilidade ficou e está condicionada e isso está a levar a novas formas de pensamento da lógica dos negócios. Estará por isso a globalização com os dias contados?
A COVID-19, está de certa forma a acelerar um processo de desglobalização dos estados. E saliente-se neste particular, que é importante encontrar um ponto de equilíbrio entre a correção de problemas que a globalização trouxe, como sejam a atomização e a perda de identidades e só ai, estaremos em condições de fazer projeções das economias. Os efeitos que o coronavírus provoca ainda não se encontram (ainda) escritos em livros! Apenas os podemos observar e sentir e alertar os governos para os efeitos que as respetivas politicas estão a provocar no nosso ecossistema! Nunca como agora se mostrou importante uma aposta séria na ciência e na tecnologia, que aproximem as pessoas às organizações publicas e privadas. É urgente por exemplo, que as necessidades básicas das populações mundiais sejam globalmente sanadas e passe a ser “um não problema” dos governos.
Se por um lado, o coronavírus está a deixar milhões de pessoas sem trabalho, as multinacionais começam a ter de lidar com uma interferência política crescente, enfrentando pressões para renacionalizar as suas cadeias de abastecimento, mesmo prejudicando a rendibilidade dos respetivos negócios.
Na Europa, além dos mortos e dos infetados, o coronavírus abriu fissuras estatais e reabriu o fosso entre países ricos do norte e do eixo Mediterrâneo.
Os desafios da desglobalização, envolvem alterações no mercado de trabalho pelos avanços tecnológicos e pela inteligência artificial: a disputa da água e de outros recursos; a evolução da economia circular; a uniformização (ou talvez não) das práticas de comércio.
Esta pandemia tem tudo para ser um ponto de viragem da globalização, ao exigir que repensemos as formas de organização das cadeias de produção, a dependência da China e a necessidade de voltar a debater uma política industrial de base europeia. Caminhamos para uma realidade em que as pessoas passam a ter a sua mobilidade mais condicionada. O coronavírus já está a obrigar ao cancelamento de viagens, acusações entre governos e a uma série de ataques xenófobos em vários países.
É convicção de alguns analistas, que o processo de desglobalização veio para ficar, porque as empresas e os trabalhadores estão interessados em promover medidas protecionistas no médio prazo. E este cenário deve ser levado em conta para propor alternativas de investimento no futuro, que poderão ser apoiadas através dos programas europeus. Estão neste momento a ser divulgados importantes medidas de apoio, que devem ser aproveitadas pelos agentes económicos na reestruturação das suas metas para os próximos anos.
Sílvia Massano