Dia 4 de Novembro será assim tão importante? - Por #António Alçada
Efectivamente é. Ricos e pobres deste mundo estão dependentes do futuro dos EUA.
Ontem tive uma vídeo conferência com antigos colegas, estando um deles a viver nos designados States. Ele transmitiu aquilo que já se sabe à muito. Apenas a crise do Covid 19 abalou a imagem do actual Presidente, confirmando a importância política da pandemia em todo este contexto. Mas a Administração americana, ao que parece, voltou a «dar a volta» e a economia está com níveis muito acima do satisfatório, nomeadamente no desemprego, tendo mesmo ultrapassado valores do tempo da Administração do Presidente Obama. Todo este quadro está a provocar alguma perturbação no desfecho do dia 4 de Novembro.
Não sendo economista, não me parece complicado entender. O facto da América se fechar, cortar nos orçamentos onde apoiavam fortemente vários organismos mundiais, como ONU, NATO, OMS, UNESCO, UNICEF, etc, o dinheiro é injectado interiormente beneficiando essencialmente as famílias e empresas norte americanas.
Acredito que sejam decisões legítimas mas que afectam, e de que maneira, muitos países, levando-os a repensar o futuro de outra forma.
Estando em Angola, é notório o apoio da UNICEF e da OMS no terreno. Para além dos projectos educativos em zonas remotas, muita criança tem-se salvo devido às vacinas que são dadas em programas preventivos, e não paliativos, como alguns pensam. No sector as águas, a ONU tem em Luanda a sua sede mundial do Serviço de Água, Saneamento e Higiene, conhecido internacionalmente por WASH, um dos mais importantes para a saúde pública tendo em consideração as doenças mortais que têm proveniência na água. Ora cortando o financiamento destes organismos obviamente que as populações mais fragilizadas serão mais afectadas.
Os designados grandes sofrem com um eventual fecho, mesmo que parcial, dos Estados Unidos. Haverão consequências nas suas economias, com a queda das exportações. Sem transacções económicas o mundo pára e todos ficamos mais pobres!
O caso Sueco é interessante de analisar. A Suécia seguiu o seu caminho nesta pandemia, com nítidas poupanças nos serviços de saúde e de segurança social, mas está a ser penalizada nas exportações, e o facto de não ter «alinhado» na bitola dos demais, parece, ser o argumento para alguns investimentos externos estarem a ser cancelados. Obviamente que oficialmente não é esse o argumento, mas muitas empresas exportadoras estão a ter encomendas canceladas. O quadro macroeconómico da Suécia, em 2021 deverá, na minha opinião, ser interessante de acompanhar.
Por outro lado, enfraquecendo a OMS, como foi decisão do actual Presidente, vai surgir uma reacção política com o aparecimento de novas pandemias, situações incontroláveis, com consequências políticas e económicas nos países. A questão da segunda vaga, que acontece em qualquer doença aguda respiratória na transição Outono/Inverno, já anda a amedrontar as pessoas trazendo incertezas a todos e todas, nomeadamente empresários.
Enquanto alguns profissionais de saúde alimentam a especulação, outros pelo contrário, usam o racionalismo e procuram explicar o óbvio. Vírus, bactérias não faltam no ambiente sem vacina ou antibiótico e não deixamos de viver por isso. A gripe das aves, que já está esquecida, teve a sorte de ter uma OMS forte a liderar o processo pandémico, e os orientais, em muitos países, ainda usam a máscara diariamente e na rua, consequência desses tempos.
Voltando ao tema, não havendo liderança mundial que tome as decisões que defendam os interesses da vida humana, como foi o caso da Administração Obama no combate à pandemia do SARS cov 1, o primeiro corona vírus, bem mais mortal que este, e na Gripe das Aves, acredito que venham mais doenças infecto-contagiosas, que promovam o medo e o receio da incerteza.
Por isso, se pudesse, no dia 4 de Novembro não votava Donald Trump. Porque os americanos também são humanos e, ao que parece, morrem e de que maneira por falta de uma liderança como a que existia no passado. E não me refiro apenas ao Presidente Obama. O Presidente George W. Bush teve um comportamento exemplar no apoio americano ao controlo dos surtos de Ébola em vários países africanos.
Luanda, 29 de Agosto de 2020
António José Alçada